terça-feira, 14 de junho de 2011

ARTIGOS TÉCNICOS CULTIVO INTENSIVO DE ESPÉCIES CARNÍVORAS

Rev. Bras. Enga. Pesca 3(2), jul. 2008
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ARTIGOS TÉCNICOS
CULTIVO INTENSIVO DE ESPÉCIES CARNÍVORAS
INTENSIVE CULTIVATION OF CARNIVOROUS SPECIES
Emerson Carlos SOARES*
Universidade Federal de Alagoas/Campus Arapiraca-Pólo Penedo
*E-mail: soaemerson@gmail.com
Resumo - O cultivo de espécies carnívoras depende principalmente do conhecimento dos aspectos
comportamentais e das exigências nutricionais para o desenvolvimento desta atividade.
Para diminuir as lacunas existentes entre o setor produtivo do pescado e o setor
tecnológico, faz-se necessário à elaboração de dietas com ingredientes mais acessíveis e
baratos.  Espécies carnívoras apresentam-se bastante promissoras, devido o interesse
multiespecífico deste recurso para os diversos setores ligados à cadeia produtiva do
pescado. Contudo, pesquisas realizadas anteriormente com estes peixes em ambiente de
cultivo, mostraram-se desmotivadoras. O alto grau de canibalismo e a falta de
informação sobre exigências nutricionais serviram como entrave no desenvolvimento do
cultivo intensivo destas espécies. Por outro lado, a adaptabilidade a ambientes com
condições limnológicas variadas, a voracidade, a aceitabilidade a dietas secas quando
submetidos ao treinamento alimentar e o bom desempenho zootécnico destas espécies,
capturadas em açudes, represas, pequenas barragens e tanques escavados se mostraram
animadoras. 
Palavras–chave: peixes carnívoros, cultivo intensivo, alimentação.
Abstract - The cultivation of carnivorous species, such, depends mainly on the knowledge of the
behavioral aspects and of the nutritional demands for the development of this activity. In
order to reducing the existing gaps among the productive and technological sectors of
fisheries, there is a need to elaborate diets using cheaper and more accessible
ingredients. Regarding these aspects species carnivorous is a promissing due to the
diverse interest of this fishes to different sectors of the productive chain. However,
previous research on the species carnivorous cultivation showed little sucess. High levels
of canibalism and the lack of nutritional needs have colaborated to prevent the
development of this species farming. On the other hand, adaptability to different
limnological conditions, voracity and acceptability to dry food diet, when sumitted to
feeding training as well as its good zootechnical performance in dams and tanks showed
success.
Key words: carnivorous fish, intensive cultivation, diet.  Rev. Bras. Enga. Pesca 3(2), jul. 2008
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SOBRE A PISCICULTURA
A piscicultura vem se mostrando um grande potencial de investimento aliado ao aumento
das pesquisas, abertura de linhas de crédito e melhor entendimento da legislação ambiental. No
Brasil, é uma atividade com grande expansão e também de grande potencial para o
desenvolvimento sócio-econômico, facilitando o aproveitamento com maior sustentabilidade dos
recursos e abrindo possibilidades de emprego com incremento de renda em algumas regiões do
nosso país. Esta atividade vem aumentando consideravelmente ao longo dos anos, sendo registrado
no ano de 2000, um crescimento da ordem de 35% com uma produção estimada em 115 mil
toneladas com predomínio de peixes de água doce, sendo a piscicultura continental, o único setor
presente em todos os estados do país (Aqüicultura no Brasil, 2000). No entanto é preciso ressaltar
que a criação intensiva de peixes ainda é uma atividade diminuta quando comparada com outras
atividades agropecuárias, pois os avanços neste campo e a demanda por produtos pesqueiros
cresceram exponencialmente, enquanto que a legislação, a disponibilidade de crédito, a mobilização
do setor em cooperativas e a assistência técnica, não conseguiram acompanhar o desenvolvimento
do setor a contento.
Outra perspectiva do avanço dos estudos para a produção de peixes pode estar atrelada
diretamente ao aumento da renda, quando, através de um melhor manejo, acompanhado de uma
melhor eficiência de cultivo, pode-se influenciar na cadeia produtiva do pescado proveniente de
empreendimentos relacionados ao cultivo intensivo de  espécies aquícolas, em particular, espécies
carnívoras.
Com a demanda de pescado aumentando substancialmente pela expansão dos mercados
urbanos, incremento do turismo ligado à pesca esportiva e qualidade de sua carne, o cultivo de
peixes carnívoros vem crescendo anualmente (Cyrino, 2000). Neste intuito, a criação em cativeiro
destas espécies pode-se tornar uma alternativa viável, através do subsídio de informações sobre o
seu manejo em cativeiro, e melhora na sua conversão alimentar, para então obter sucesso em
empreendimentos ligados a aqüicultura.
ESPÉCIES CARNÍVORAS NA PISCICULTURA
Tradicionalmente no Brasil, a criação de peixes carnívoros desenvolveu-se com o emprego
de espécies introduzidas entre elas a truta arco-íris (Azevedo et al., 1961). Nas décadas de 70 e 80,
outras espécies de hábito alimentar carnívoro tais como; surubim (Pseudoplatystoma coruscans),
pirarucu (Arapaima gigas) e tucunaré (Cichla sp.) passaram a ser explorada, pelo alto valor
comercial, bom desempenho zootécnico e a excelência de suas carnes, atendendo aos anseios de Rev. Bras. Enga. Pesca 3(2), jul. 2008
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criadores. Entretanto, nos anos 80, os dados obtidos de cultivo de espécies de água doce enfatizam a
criação extensiva ou semi-intensiva em barragens, açudes e represas na região Nordeste e Sudeste,
utilizando peixes forrageiros ou picados (mortos) como alimento (Imbiriba 1991; Moura de
Carvalho & Nascimento, 1992).
A partir da década de 90, o cultivo intensivo de peixes carnívoros foi intensificado, com as
técnicas de monitoramento, o manejo dos planteis e o conhecimento da biologia das espécies terem
sido aprimorados. Entre os peixes carnívoros mais adaptados à criação em cativeiro estão; o
dourado (Salminus maxillosus), black bass (Micropterus salmoides), bagre-do-canal (Ictalurus
punctatus), bagre africano (Clarias gariepinus), truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss), os surubins
(Pseudoplatystoma sp.), o pirarucu (Arapaima gigas) e os tucunarés (Cichla sp.). Entretanto, para o
sucesso do cultivo, o treinamento alimentar torna-se essencial, devido o hábito alimentar
essencialmente carnívoro e o canibalismo apresentado por algumas espécies como bagres e
tucunarés, a fase de treinamento alimentar que engloba transição gradual dos ingredientes e
componentes da ração, consiste numa etapa importante condicionando os peixes carnívoros a
alimentar-se de ração seca ao final desta fase e pode durar de 20 a 30 dias (Kossowski, 1999, Soares
et al., 2007).
Outra técnica de suma importância referencia o estudo das exigências nutricionais
requeridas pelas espécies alvo do cultivo, em particular os teores de proteína e energia das rações.
Estes itens têm motivado pesquisadores a encontrar rações balanceadas que atendam os aspectos
nutricionais exigidos por peixes carnívoros.
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DA DIETA PARA ESPÉCIES DE PEIXES CARNÍVOROS
O conhecimento das exigências nutricionais dos peixes é importante para a piscicultura, pois
os gastos com alimentação representam entre 60 e 80% do custo total do cultivo (Kubitza, 1999).
Dentre os macronutrientes a proteína é o item mais importante e mais caro da ração (Robinson &
Li, 1997), afetando principalmente a criação de espécies carnívoras que requerem altos níveis de
proteína animal na dieta tornando a ração mais onerosa, pois ingredientes como as farinhas de peixe
e de carne encarecem sua formulação, não apresentam padrão de qualidade constante e são de difícil
aquisição (Cavero, 2004). No entanto Pezzato (1995) considera a farinha de peixe um alimento
padrão na composição de dietas em função do seu alto valor biológico, equilíbrio dos níveis de
aminoácidos, cálcio e fósforo, sendo importante no crescimento dos peixes. 
Uma forma de baratear os custos e melhorar a qualidade da ração é a substituição de fontes
de proteínas animal (maior custo), por fontes de proteínas vegetais (soja, milho, trigo) que possuem Rev. Bras. Enga. Pesca 3(2), jul. 2008
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menor custo, composição química aceitável, perfil de aminoácidos mais favoráveis e alta
disponibilidade (Barroso, et al., 2002, Soares et al., 2006). Com a alta demanda de ingredientes
alimentares para a aquicultura, torna-se importante à avaliação dos componentes com a finalidade
de melhorar a assimilação e aceitabilidade da ração.
Apesar de espécies carnívoras exigirem dietas mais ricas em proteína do que espécies
onívoras ou herbívoras, em situações de confinamento, ingredientes como farelo de soja, farelo de
milho e trigo podem ser administrados na formulação da ração de ambos, apenas em proporções
diferenciadas (Cyrino, et al., 2004, Soares et al., 2006). Os peixes herbívoros e onívoros não
apresentam dificuldade na digestão de proteína vegetal, entretanto peixes carnívoros possuem baixa
taxa de secreção de amilase, o que pode ser um entrave à inclusão de componentes de origem
vegetal em sua dieta. Contudo o uso de ingredientes vegetais pode ser utilizado na composição
alimentar de espécies carnívoras em substituição a proteína animal, desde que haja um
acompanhamento do fígado destes indivíduos em relação a assimilação de carboidratos.
O USO DE ENZIMAS NA ALIMENTAÇÃO DE PEIXES CARNÍVOROS
A introdução de atrativos alimentares ou aditivos enzimáticos na ração facilita o cultivo de
peixes carnívoros (Soares et al., 2008 no prelo). Kubtiza & Cyrino (1997) encontraram aumento na
aceitação de uma ração comercial com sabor carne oferecidas para o tucunaré. Já a introdução de
enzimas na ração, é uma técnica moderna com a finalidade de complementar as enzimas que são
produzidas pelo próprio animal em quantidades insuficientes (Garcia, et al., 2000; Fischer et al.,
2002). Embora complexos enzimáticos já estejam sendo usados em larga escala na indústria
alimentícia para facilitar a digestibilidade, melhorar o sabor e valor nutricional dos alimentos, a
literatura referindo-se a introdução destes aditivos em rações para peixes ainda é escassa. Trabalhos
recentes têm demonstrado respostas positivas quanto a digestibilidade de nutrientes no desempenho
de aves e de coelhos utilizando-se enzimas como aditivos (Graham, 1997; Garcia, et al., 2000).
O uso de lipase em rações para aves também tem sido uma nova alternativa com a intenção
de aumentar a digestão de gorduras (Graham, 1997). Alguns estudos sobre quantificação de
protease exógena influenciando as dietas ou estudos comparativos de enzimas proteolíticas e
amilases foram realizados recentemente (Kurokawa et al., 1998; Hidalgo et al., 1999). Já Soares et
al. (2008 no prelo), observou que a inclusão de protease exógena influencia na dieta de tucunarés,
melhorando os índices de conversão alimentar, ganho de peso e crescimento. Estudos mais atuais
indicam que apenas uma fração dos componentes das dietas animais é suplementada com esses
aditivos. Esta situação mudará rapidamente com o desenvolvimento de novas enzimas alimentares, Rev. Bras. Enga. Pesca 3(2), jul. 2008
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mix enzimático ou novas formas de aplicação e pesquisas desses produtos gerando resultados
promissores. 
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in earthe

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