Nessa semana me lembrei de um conto que retrata o dia em que o Tribunal de Paris e o Vaticano em 1647 deram ganho de causa a um aldeão francês que após receber o primeiro transplante de córnea e recuperar a sua visão, decidiu arrancar seus olhos, pois estava horrorizado com o mundo que acabara de enxergar. Acredita-se que, com base nesse conto, “nascia” um tipo de pessoa denominada “o pior cego”.
Confesso que observando a história atual do Centro de Pesquisas em Aquicultura do Departamento Nacional de Obras contras as Secas (DNOCS), inaugurado em 1986, e localizado no município cearense de Pentecoste, não há como não enquadrar como “piores cegos”, as autoridades que têm dispensado atenções e esforços no intuito de buscar uma saída definitiva para consolidar esse importante equipamento.
Apesar de ser público e notório, o reconhecimento de inúmeros órgãos e profissionais ligados à atividade do cultivo de organismos aquáticos, o Centro de Pesquisas do DNOCS em Pentecoste continua com sérias dificuldades operacionais de estrutura, operação, disponibilidade de orçamento suficiente e recursos humanos.
Os temas técnicos relativos à produção de peixes em cativeiro que, para público leigo em geral, podem passar despercebidos como genética, manejo, larvicultura, reprodução, etc, sempre encontraram plena atenção daquele Centro de Pesquisas que foi, e continua sendo um dos pilares importantes para o desenvolvimento da piscicultura no Estado do Ceará e, indiscutivelmente, com contribuições científicas históricas até mesmo para a piscicultura mundial.
Destaque da piscicultura cearense e nacional, a famosa tilápia no Ceará, tanto é produzida nos açudes quanto é consumida em todo o Estado em quantidades superiores a quase todas os Estados da federação. O que o público em geral não sabe é que, nessa história de transformação da tilápia como opção disponível e definitiva no cardápio dos cearenses, o DNOCS através do seu Centro de Pesquisas em Aquicultura foi peça importante e continua, mesmo com as dificuldades, tentando consolidar não só as tilápias como várias outras espécies cultivadas em águas continentais, como por exemplo, o pirarucu, peixe de carne extremamente saborosa e alto potencial para a piscicultura brasileira.
Fica o alerta para os “cegos que não querem ver” que a história e o presente de instituições como o DNOCS e, em especial, do Centro de Pesquisas em Aquicultura de Pentecoste, não podem ser esquecidos e, sim, prestigiados. Não enxergar essa realidade e buscar as saídas devidas e que também são notórias é, no mínimo, trocar cegueira temporária pela ignorância definitiva.
Fontes utilizadas:
Foto do post: www.pentecostece.blogspot.com
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