sábado, 31 de março de 2012

Criar peixe é muito fácil, mas o importante é fazer com que o peixe seja um grande negócio’



 

‘Criar peixe é muito fácil, mas o importante é fazer com que o peixe seja um grande negócio’

A frase é do secretário de Estado Regis Cavalcante que falou sobre o sucesso do trabalho desenvolvido pela Sepaq em menos de 1 ano de sua criação
30/03/2012 16:51
 
Jessica Pacheco
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Jessica Pacheco
Secretário Regis Cavalcante alimenta alevinos criados em piscina na Sepaq
Com menos de um ano de criação, a Secretaria de Estado da Pesca e Aquicultura de Alagoas (Sepaq) é uma das mais novas secretarias de estado criadas em Alagoas, e em um estado culturalmente monocultor, o sucesso das ações e projetos da Sepaq já são notórios perante a sociedade e o poder público e para falar sobre todo o trabalho desempenho por sua equipe técnica, o secretario Regis Cavalcante recebeu o Portal Primeira Edição e apresentou o saldo e planos futuros para a Piscicultura alagoana.

A Sede

A sede da Secretaria de Estado da Pesca e Aquicultura funciona em duas salas cedidas pela Vice-Governadoria do Estado, localizada no bairro da Gruta. De acordo com o secretário, o improviso dura 11 meses, mas o impasse já foi resolvido já que a Vice-Governadoria passará a funcionar em outro prédio no bairro da Cruz das Almas e deixará o prédio para o funcionamento da Sepaq.

Jessica Pacheco
Secretário Regis Cavalcante

“Nós esperamos 11 meses para ter uma sede, mas é preciso ter paciência. Hoje em dia, nós temos essa sala e outra e estamos tocando milhares de projetos já conveniados e vamos avançar nisso”, afirmou.

Criação da nova secretaria

De acordo com o Regis Cavalcante, o trabalho em favorecimento a piscicultura alagoana começou a ser desempenhado em um departamento na Secretaria de Estado da Agricultura, só sendo transformado em uma Secretaria depois que o governador Teotonio Viela viu a grande perspectiva que ela poderia trazer ao Estado.
“O governador tomou a iniciativa de transformar isso em uma secretaria de estado para que essa política pública seja efetiva”, explicou o secretário. “Ele via a perspectiva que ela tinha e tem. Isso aqui gera emprego, gera oportunidade. Se você considerar que Alagoas tem quase 300 km de fronteira do Rio São Francisco, se você considerar que o Estado tem tanta água, tantas barragens. Você pode tirar em um hectare, 100 tonelada de peixe em um ano. Qual é a produção de campo que pode dar isso? Isso é fantástico é uma produção fantástica”, vislumbrou ele.

Piscicultura

Para o Regis Cavalcante, um país como o Brasil, rodeados de rios, lagos e lagoas, não pode importar a quantidade de peixe que importa. Ainda mais com um trabalho tão simples como a criação de peixes, que, segundo ele, pode até ser cultivado em piscinas e caixas d’água.
“É um absurdo um país como o nosso comprar peixe da China. No Japão, que não há espaço, eles criam peixes em caixas d’água. Agora, na Semana Santa o peixe vem de fora, é um absurdo. Criar peixes não é tão complicado assim. Nós precisamos ter peixe em abundância e Essa secretária tem a capacidade de contribuir para a redistribuição de renda e de dá oportunidades fantásticas ao Estado e é para isso que a gente vai trabalhar”, afirmou Cavalcante.
Para provar a facilidade na criação dos peixes, o secretário criou um tanque-rede em uma piscina localizada dentro da propria sede. Segundo ele, foram colocados alevinos no local a pouco meses e em algum tempo já estarão prontos para serem retirados.

Jessica Pacheco
"O pessoal ficou preocupado dizendo q...

"Quando a gente colocou foi a maior zuada, o pessoal dizia que ia ser foco de dengue. Mas não existe a possibilidade disso acontecer", se divertiu o secretário.

Alagoas Mais Peixe

O projeto Alagoas Mais Peixe também está em fase de adaptação, mas, de acordo com Regis Cavalcante, os resultados obtidos nesses 11 meses já são satisfatórios. Segundo ele, o objetivo desse projeto é aumentar a produção e fazer do peixe um negócio. Para o secretário, o mercado do peixe é um sucesso em outros estados brasileiros e Alagoas pode sonhar com essa realidade.

Divulgação/Sepq
Módulos ce tanques redes do Alagoas M...

“Já estamos trabalhando nos módulos por diversos locais no Estado de Alagoas. No baixo São Francisco, no sertão, na zona da mata, na zona norte. E precisamos estender isso. Nós precisamos viabilizar os projetos, garantir recursos”, disse.
Um dos pontos que mais atormentam o Governo do Estado é o fim do corte e queimadas de cana-de-açúcar, que deve aumentar o número de desempregados no Estado. Pensando nisso, Regis já adianta que os módulos do Alagoas Mais Peixe pode ser uma solução para o problema, já que a mão de obra dos cortadores de cana pode ser transposta para a piscicultura.
“Sabemos que tem dia e hora para a cana não ser mais cortada e queimada. Isso significa que nós vamos ter mais gente desempregada. Por que não fazer a transposição dessa mão de obra para uma atividade dessa que pode gerar renda, que pode garantir a família. Nos temos 602 milhões de m³ de água em barragens privadas no Estado de Alagoas. Isso dá muito peixe, muito”, idealizou o secretário.

Divulgação/Arquivo Assessoria
Piscicultor joga ração nos tanques-re...
Segundo Regis, as ‘usinas de açúcar’ de Alagoas já se sensibilizaram quanto a situação e a apoiam a qualificação dessa mão de obra. Ainda segundo ele, futuramente essas usinas receberam um selo para destacar esse trabalho social.
“Cada vez mais o consumidor está tendo esse hábito de cobrar as questões, tanto do ponto de vista ambiental, quanto do social. E elas [as indústrias do açúcar como afirmou Regis] estão verificando essa cobrança do consumidor que agora prefere consumir o produto que contribua com o trabalho de responsabilidade social”, disse Regis Cavalcante citando com exemplo o ‘fantástico’ trabalho social realizado pela Usina Coruripe.

Tanques redes

Segundo Regis Cavalcante, já estão instalados mais de 20 módulos de tanques redes em barragens distribuídas por diversas regiões de Estado. Em cada módulo, 20 famílias são beneficiadas. Quanto à distribuição dos beneficiados, o secretário explicou que esse ponto fica a cargo da comunidade ou da associação. Mas caso, os trabalhadores de determinado módulo não se engajem na causa, a Sepaq aconselha trocar e dar a alguém que esteja sensível a causa.

Divulgação
Superintendência da Sepaq busca forma...
“Os módulos que nós estamos colocando a disposição das associações e das famílias gerou para o Estado um gasto em torno de 90 a 100 mil reias. Imagina a oportunidade que o Estado esta dando a essas famílias. É preciso que isso que está sendo investido tenha um acompanhamento e que você não pare esse projeto, que ele avance e se não der certo, nós retiramos e vamos colocar para outro que tenha vontade de ir a frente com ele”, enfatizou.

Grande desafio

Entre as grandes dificuldades citadas pelo secretário para a execução dos trabalhos na área da piscicultura em Alagoas, estão formação de uma consciência associativa nas pessoas. Segundo ele, a Sepaq está empenha em criar essa visão associativa e fazer com que o pescado vire um grande negocio.
“Criar peixe não tem muito segredo, então apenas a assistência técnica da Secretaria vai estar presente, acompanhando, para tentar criar a mentalidade associativa, pois nós não temos essa cultura no Nordeste. Criar peixe é muito fácil, todo mundo sabe criar peixe, mas o importante é fazer com que o peixe seja um grande negocio”, afirmou.

Monocultura só dá prejuízo

Para o secretário, o sucesso do programa Alagoas Mais Peixe e da própria Sepaq se deu graças a consciência que tanto o poder público, quanto a própria população, formaram sobre o prejuízo que seria manter um Estado monocultor. Segundo Regis, para fazer o Estado fluir economicamente falando se fez necessário ampliar a economia.

Jessica Pacheco
Tanque rede da Sepaq
“A monocultura é um prejuízo, se vai bem, todo mundo vai bem, mas se cai, todo mundo cai junto. Se você tem uma economia diversificada isso não acontece. Pois, se poder ter problema em uma área, mas em outra pode está florescendo”, disse ele.
Os planos da Sepaq, segundo Regis, é incentivar cada vez mais a entrega de produtos na área aquícola, para que você possa fazer com que essa produção cresça. Segundo ele, a Sepaq não vai criar peixe, ele vai incentivar, orientar, acompanhar, criar uma política e estabelecer uma legislação para que isso seja um sucesso no estado de alagoas.

Falta Peixe na Semana Santa

Recentemente o Primeira Edição fez uma reportagem sobre o consumo de peixe na semana santa, e constatou que a população de baixa está com dificuldades de manter a tradição de comer peixe nesse período graças aos altos preços do pescado no mercado alagoano.
Questionado sobre essa questão, o secretário foi enfático ao afirmar que a população alagoana não tem o costume de enquadrar o peixe a seu cardápio e com a aproximação de uma data cultural como essa faz com que o produto, normalmente pouco procurado, tenha os seus preços elevados. Unido a essa questão, o secretário ainda citou o fraco mercado de peixe no Estado como um dos motivos que fazem com que o preço aumente nesta época.
“Se você tem um produto em falta, e a gente chega a um momento como esse em que há uma cultura que impõe que estamos em uma semana de comer peixe, efetivamente você eleva os preços, pois tem pouco produto no mercado. Mas se você incentiva essa alimentação, incentiva a produção, mais peixes, se o mercado tem esse produto numa situação de equilíbrio, de oferta, você também tem um preço equilibrado. Se com isso também você agrega valor, se você transforma a tilápia em um filé, por exemplo, você agrega o valor com a melhor qualidade. Tudo isso, gera negócio tanto para quem produz, como para quem comercializa e quem se beneficia é o consumidor”, finalizou.

galeria de fotos seta

  • Secretário Regis Cavalcante alimenta alevinos criados em piscina na Sepaq
  • Secretário Regis Cavalcante alimenta alevinos criados em piscina na Sepaq
  • Criação de alevinos na piscina da Sepaq
  • Alevinos foram colocados em piscina
  • Tabaqui no tanque criado em uma piscina na própria sede da Sepaq

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