Peixe do Vietnã chega a preço mais baixo que a tilápia e abala o mercado
Vendido a preços mais baixos e com características semelhantes às da tilápia, o panga entra no país a preço de banana
Victor Longo | Redação CORREIO
victor.longo@redebahia.com.br
Há pouco tempo, ninguém tinha ouvido falar nele. Agora, o peixe pangasius vietnamita, conhecido como panga, tem caído nas graças do consumidor baiano, o que está preocupando quem cultiva a já conhecida tilápia - pescado de água doce responsável por 80% da produção de piscicultura do estado. Vendido a preços mais baixos e com características semelhantes às da tilápia, o panga entra no país a preço de banana, por ter custo de produção muito baixo no Vietnã, onde é cultivado.
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Há pouco tempo, ninguém tinha ouvido falar nele. Agora, o peixe pangasius vietnamita, conhecido como panga, tem caído nas graças do consumidor baiano, o que está preocupando quem cultiva a já conhecida tilápia - pescado de água doce responsável por 80% da produção de piscicultura do estado. Vendido a preços mais baixos e com características semelhantes às da tilápia, o panga entra no país a preço de banana, por ter custo de produção muito baixo no Vietnã, onde é cultivado.
“O filé do panga chega no Brasil a R$ 3. Por mais que a piscicultura baiana tenha eficiência, a tilápia não chega aos fornecedores por esse preço”, explica o técnico da Bahia Pesca, Eduardo Rodrigues. Segundo ele, a mão de obra barata e as técnicas de produção avançadas do Vietnã garantem o baixo custo, assim como a facilidade de fazer o panga ganhar carne - por isso, é considerado pescado de alto rendimento.
Apesar de entrar com preço bem menor no Brasil, a alta demanda já permite que os importadores do panga inflacionem o peixe: hoje, já é vendido ao varejo por R$ 10,90 o quilo pela importadora Carballo Faro. Para o consumidor final, o peixe chega a um preço médio de R$ 13,60, abaixo do valor da tilápia, que beira os R$ 20.
Como reflexo na diferença do preço, as vendas do pescado vietnamita cresceram, no último trimestre, nada menos que 400% em uma das principais redes de supermercados da Bahia. “As vendas da tilápia também continuaram crescendo, mas no mesmo período subiram quatro vezes menos que o panga”, conta Adriano Viana, diretor comercial para o Nordeste do Walmart, proprietária do Bompreço. Na rede varejista, o quilo do panga sai a R$ 12,90 e a tilápia custa R$ 19,90 - 54,3% mais cara.
Concorrência
O pangasius vietnamita só chegou ao mercado brasileiro com força em 2010, e ainda mais recentemente ao baiano. No entanto, já é considerado um concorrente de peso pelos tilapicultores. Jorge Levindo, que cultiva o peixe no Lago de Itaparica, na fronteira da Bahia com Pernambuco, vê no panga uma ameaça. “Isso porque a tilápia ainda não se consolidou, pois seu cultivo começou no país há menos de dez anos”, disse.
Segundo dados da Bahia Pesca, o território do Lago de Itaparica é responsável por 60% da produção do peixe no estado. Os municípios de Glória e Paulo Afonso são os maiores produtores. O tilapicultor considera o peixe vietnamita de “procedência duvidosa”, mas não hesita ao ser questionado sobre a ideia de cultivar o panga aqui. “Acho uma excelente ideia”, exclama. Porém, o cultivo do peixe no país ainda não foi autorizado.
Números do mercado
R$ 3 é o preço que o panga chega ao Brasil, segundo a Bahia Pesca
80% é a participação da tilápia na piscicultura baiana
R$ 3 é o preço que o panga chega ao Brasil, segundo a Bahia Pesca
80% é a participação da tilápia na piscicultura baiana
Governo atesta qualidade do panga
Preocupados em defender sua fatia do mercado, os piscicultores brasileiros declararam verdadeira guerra ao peixe vietnamita pangasius - o panga - espalhando boatos sobre sua origem. “A produção do panga, no Rio Mekong, é próxima às moradias. Tente imaginar aquelas casas ao largo dos rios vietnamitas! Daí, dá para saber que o panga não chega ao Brasil em condições aceitáveis”, afirma o produtor de tilápia Jorge Levindo, sugerindo que o panga se alimenta de dejetos humanos. “É uma irresponsabilidade do governo aceitar a importação desse peixe”, considera.
Histórias relacionando o panga à poluição do Rio Mekong - onde o peixe é cultivado há mais de mil anos -, ao suposto uso de antibióticos em seu alimento e à presença de metais contaminantes espalharam-se na internet. Mesmo assim, o pescado vietnamita é exportado do Vietnã para mais de 200 países, entre eles os Estados Unidos, Japão, Rússia e Austrália, além de toda a Comunidade Europeia.
Consultado pelo CORREIO, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento garantiu ter visitado o Vietnã para realizar inspeção em empresas exportadoras e atestar a qualidade do peixe produzido no país asiático. “Um dos motivos da realização desta missão foi justamente verificar a série de denúncias recebidas e divulgadas pelo setor produtivo mundial”, justificaram técnicos do ministério, por meio de uma nota da assessoria de imprensa.
Segundo o ministério, o processo de importação dos produtos vietnamitas ocorre de acordo com o que já é praticado para os demais países. Mesmo assim, a assessoria ressaltou: “É importante lembrar que (esse) processo é dinâmico. Se surgirem indícios de não conformidades que impliquem em risco sanitário, tomaremos as posições necessárias para proteger nosso consumidor”.
Preocupados em defender sua fatia do mercado, os piscicultores brasileiros declararam verdadeira guerra ao peixe vietnamita pangasius - o panga - espalhando boatos sobre sua origem. “A produção do panga, no Rio Mekong, é próxima às moradias. Tente imaginar aquelas casas ao largo dos rios vietnamitas! Daí, dá para saber que o panga não chega ao Brasil em condições aceitáveis”, afirma o produtor de tilápia Jorge Levindo, sugerindo que o panga se alimenta de dejetos humanos. “É uma irresponsabilidade do governo aceitar a importação desse peixe”, considera.
Histórias relacionando o panga à poluição do Rio Mekong - onde o peixe é cultivado há mais de mil anos -, ao suposto uso de antibióticos em seu alimento e à presença de metais contaminantes espalharam-se na internet. Mesmo assim, o pescado vietnamita é exportado do Vietnã para mais de 200 países, entre eles os Estados Unidos, Japão, Rússia e Austrália, além de toda a Comunidade Europeia.
Consultado pelo CORREIO, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento garantiu ter visitado o Vietnã para realizar inspeção em empresas exportadoras e atestar a qualidade do peixe produzido no país asiático. “Um dos motivos da realização desta missão foi justamente verificar a série de denúncias recebidas e divulgadas pelo setor produtivo mundial”, justificaram técnicos do ministério, por meio de uma nota da assessoria de imprensa.
Segundo o ministério, o processo de importação dos produtos vietnamitas ocorre de acordo com o que já é praticado para os demais países. Mesmo assim, a assessoria ressaltou: “É importante lembrar que (esse) processo é dinâmico. Se surgirem indícios de não conformidades que impliquem em risco sanitário, tomaremos as posições necessárias para proteger nosso consumidor”.
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